domingo, 14 de junho de 2009

ANTENA 1 FM DEIXA SAUDADES E CRIA REVOLTA (clique aqui e saiba mais)

No dia 1 de junho mais uma página (triste) foi escrita na história do Rádio no Brasil. Até então eu estava um pouco resistente a escrever sobre rádio aqui no blog, mas este episódio lamentável não poderia passar em brancas nuvens. Digo lamentável porque é ao que temos assistido nos últimos 20 anos no mercado de rádio.
O Rádio é um veículo mágico, atraente e, desde a sua invenção, é o companheiro fiel de porteiros, donas de casa, advogados, doentes, estudantes, etc. Enfim, ninguém se sente só enquanto tem um rádio ao seu lado.
No motel, no escritório, no hospício, no transporte. Em qualquer lugar o rádio está presente. E as emissoras, com a sua programação e seus comunicadores cativam o público de tal maneira que chegam a se tornar íntimos dos ouvintes. Existem, por exemplo, pessoas que têm horários específicos para ouvir determinada emissora ou locutor. Como diz o professor José Carlos Araújo, "rádio é hábito".
Por conta dos custos e dos lucros que fomentam o negócio de rádio, temos observado que algumas emissoras, ou melhor, alguns empresários têm abandonado esse conceito. Claro que há exceções, pois ajustes devem ser feitos em função da audiência e da própria evolução da sociedade. As leis mudam, os conceitos mudam, o esporte muda, e os hábitos também mudam.
O rádio acompanha isso.
O que falo aqui é do uso que tem sido feito da concessão pública mediante prestação de serviços que são os canais de rádio.
Muitos detentores de concessões, ou seja, donos de emissoras estão alugando seus canais para igrejas, empresas de telefonia, seguradoras, e até mesmo para outros grupos de comunicação, como foi o caso da transação entre a gestão da Antena 1 e a empresa que detem a marca NATIVA FM.

Vários fatores conduzem a processos como esse: redução de custos, crise econômica, morte, doença ou busca pelo lucro (fácil) por parte de quem detem a concessão.
Nesse último caso a matemática é simples. O que seria mais cômodo e lucrativo quando você é dono de uma concessão pública para prestação de serviços, podendo fazer dela o que bem entende? Manter um quadro de funcionários cujos salários depende de metas do departamento comercial (que fique claro, uma rádio se mantém através de venda de espaço para propaganda), comprar e manter equipamentos caros, na maioria das vezes importados, selecionar profissionais competentes e remunerá-los em dia, ou simplesmente alugar o canal para outra empresa e receber em sua conta bancária uma boa quantia fixa, que lhe pouparia todo esse "quebra-cabeça" e lhe faria muito mais feliz?
Às vezes, há casos inevitáveis e compreensíveis, como por exemplo, o falecimento do detentor da concessão que não tem filhos, ou se os tem, eles reconhecem não ter competência para gerenciar o negócio, ou simplesmente não atuam nessa área. Penso que antes mesmo do rádio ser inventado já existia alguém apaixonado por ele. E é essa paixão que o mantém.
Porém, como citei no início da postagem, nos últimos vinte anos vem ocorrendo um verdadeiro "leilão" de canais, que acaba tirando empregos de pais e mães de família, afastando do rádio pessoas competentes e que são capazes de dar a vida pelo que fazem.
Se antes existia um debate velado sobre o "jabá", que nunca sequer chegou ao Poder Legislativo e nem sequer sensibilizou o Poder Judiciário, surgem agora novas reflexões:
1) Num país cujo povo sofreu as agruras da ditadura militar e da censura durante vinte anos, teve a comunicação cerceada, a cultura limitada aos caprichos dos generais, a imposição desse "Frankstein" que é A Voz do Brasil em horário obrigatório, e que se propõe ser um modelo de democracia, por que o rádio está servindo de muleta para sustentar projetos pessoais ou de determinadas empresas ou instituições?
2) Grandes empresas que exigem do trabalhador o registro profissional, para que o ofício seja exercido por quem realmente tem competência para tal, embora haja uma controvérsia, já que para ser competente o profissional precisa ter experiência e para isso ele precisa de oportunidade. Contudo, o registro é pessoal e intransferível. Já pensou se eu desistisse de ser locutor e resolvesse alugar o meu registro profissional para outro cidadão?
3) O governo é quem determina quem deve e quem não deve deter uma concessão de rádio. Por que essa concesão não é temporária, sendo renovada segundo a sua gestão? Exemplo: quantos empregos ela gerou ou manteve naquele período, será que a empresa está em dia com os impostos e obrigações trabalhistas? Caso contrário a concesão deveria ser devolvida ao governo e transferida, mediante licitação, a pessoa jurídica que comprove pertencer à area de comunicação e possuir saúde financeira para tal. Assim como não devemos ter advogado fazendo prescrição médica, pedreiro assinando planta de obra, médico dando sentença judicial, não podemos qaceitar num universo cultural como o Brasil, essa farra em que se transformou o mercado radiofônico no país.
Várias manifestações ocorreram, como no caso do site musicabase.com, repudiando o fim da Antena 1 FM, que ficou no ar durante 28 anos e conquistou uma legião de ouvintes. Em seu lugar entrou a Nativa FM, que ocupava a frequência 96,5 Mhz. Esssa última agora retransmite a programação da RADIO TUPI AM, ou seja dois canais transmitem a mesma programação. A justificativa é de que, pela qualidade do som, há uma tendência dos ouvintes abandonarem o AM e esta faixa ficar obsoleta, já que a maioria dos novos equipamentos portáteis como celulares, IPODs e aparelhos de MP3 não possuem o AM.
Meus respeitos aos companheiros da Nativa FM, que são excelentes priofissionais, muitos deles com os quais trabalhei e aprendi. Que esse novo caminho seja de muito sucesso e como o amor que vocês têm de sobra para o rádio e para os ouvintes.
Aos colegas da Antena 1, obrigado pelas horas em que fui contemplado com a excelente progtramação, feita com requinte e bom gosto, que sempre foram a sua marca. Sei que o mercado, embora restrito e com seus altos e baixos, proporcionará a todos vocês um retorno triunfal para os braços deste imenso público.
VALEU!!

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