sexta-feira, 4 de setembro de 2009

NÃO EXISTE CULTURA SUPERIOR NEM INFERIOR


EXEMPLO DE ACULTURAÇÃO DOS ÍNDIOS DESDE A CHEGADA DOS PORTUGUESES ÀS TERRAS BRASILEIRAS:

No início do século XVI os indígenas do Brasil, principalmente os Tupinambás apreciavam uma bebida, no mínimo curiosa, não apenas pelo seu teor alcoólico e efeito alucinógeno, mas pelo ritual que a cercava e também pela maneira com era feita. Trata-se do cauim, uma espécie de aguardente produzida pela fermentação da mandioca, misturada com milho e frutas.
As cauinagens – assim eram chamadas pelos europeus as reuniões onde se consumia a bebida – aconteciam em volta de uma fogueira do lado de fora da maloca (moradia dos índios) e faziam parte da comemoração pela captura de inimigos e alegravam o ambiente da antropofagia.
O cauim era trazido pelas mulheres, que o preparavam mastigando os ingredientes e depois cuspindo em jarros onde ficava armazenado até fermentar. A antropofagia já não assustava tanto, mas esse processo já era suficiente para deixar os europeus estarrecidos.
Um dos opositores das cauinagens, José de Anchieta, deixou clara sua aversão à iguaria nativa, descrevendo assim em 1584, sua fabricação, "este vinho fazem as mulheres, e depois de cozidos as raízes ou o milho, os mastigam porque com isso dizem que lhe dão mais gosto e o fazem ferver mais".
Mas havia também quem elogiasse ou comentasse com certa ironia a bebida indígena, ao comparar com o processo de fabricação dos vinhos europeus, visto que os vinhateiros se utilizavam dos pés, muitas vezes calcados de botas, para "esmagar" as uvas. Sabe-se lá o que se passou por estes pés durante o referido processo...
A embriaguez causada pelas cauinagens incomodava demais os colonizadores, na sua maioria católicos. O descontrole causado pelo cauim era algo assustador, tanto que os missionários passaram a discutir estratégias para combater o que chamavam de pecados voluntários, que eram os festejos regados a cauim.
Os padres passaram a contar com a ajuda das mulheres, pois eram elas que preparavam a bebida. Sendo aos poucos cristianizadas, as índias foram deixando de produzir o cauim, chegando até a quebrar os jarros para fermentação e proferir discursos contra a bebedeira.
Outra medida adotada foi a de estimular os meninos nativos, desde cedo, a não praticar as cauinagens. Mas como se tratava de um pecado difícil de vencer, nem sempre resultava em sucesso. Por fim, depois de muitos esforços, conseguiram eliminar as cauinagens dos Tupinambás.

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